Yves Saint Laurent

Fui ver o filme YSL (Yves Saint Laurent), que além de um figurino impecável, com reproduções de roupas e filmado no ateliê original do estilista, tem cenas muito fiéis às fotografias da época. O que me deixou fascinada também foi como o jovem e talentoso Yves lutou para crescer e tornou-se um dos maiores ícones do mundo luxuoso da moda. Uma verdadeira fonte de inspiração. Não dá para perder!

Por isso, resolvi compartilhar aqui um pouco sobre o que eu pesquisei sobre a vida de YSL. Espero que gostem. Depois me contem o que acharam do filme! Beijos.

 

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Celebrado como um dos maiores estilistas do século 20, Yves Saint Laurent, que definiu o guarda-roupa da mulher contemporânea, integrou um famoso grupo de designers franceses, responsável por transformar Paris na capital da moda mundial. Além é claro de transformar a YVES SAINT LAURENT em uma das mais míticas marcas francesas no segmento de luxo, pioneira na popularização do prêt-à-porter e reconhecida por sua praticidade conjugada à sofisticação.

Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent, conhecido mundialmente por apenas três letra, YSL, tornou-se sinônimo de moda e alta costura.

Em 1º de agosto de 1936, nasce o grande mestre da moda em Ora, cidadezinha litorânea localizada na Argélia, então colônia francesa. Seu interesse por moda surgiu cedo, ainda criança, quando ele gostava de criar bonecas de papel com detalhes complexos. Na adolescência, Yves desenhava vestidos para a sua mãe e irmãs, demonstrando já o seu talento nato para a moda.

Em 1954, aos dezessete anos, enquanto estudava em Paris na tradicional École de la Chambre Syndicate de la Haute Couture (algo como “Escola da Câmara Sindical de Alta Costura”), entrou em um concurso patrocinado pelo International Wool Secretariat e conquistou o primeiro prêmio com um vestido para coquetel. Pouco tempo depois, foi contratado pela tradicional marca Dior como assistente de modelagem. Passou o seu primeiro ano realizando tarefas simples, decorando o estúdio e desenhando acessórios. Eventualmente, entretanto, ele era autorizado a apresentar croquis para as coleções de alta-costura. Assim, a cada temporada, mais modelagens suas eram aceitas por Dior.

Quando Christian Dior faleceu, em 1957, o jovem argelino de espírito francês assumiu a direção criativa da sofisticada e famosa grife, com o desafio de salvar o negócio da ruína financeira. As coleções desse estilista precoce criaram considerável controvérsia – afinal, não eram o que as pessoas e os clientes esperavam das coleções de Dior: o célebre vestido trapézio de 1958 era uma roupa considerada de “menina-moça”, um vestido de ombros estreitos com um corpete semiajustado e saia curta, evasê, que se tornou febre mundial e rendeu a seu criador o prêmio Neiman Marcus daquele ano, concedido às maiores contribuições ao universo da moda pela renomada rede de lojas americana. Também a recriação, em 1959, de uma versão mais curta da saia entravada; e as jaquetas de couro preto, suéteres de gola rolê e bainhas adornadas com pele de 1960. Para entender o impacto dessas criações na época, basta observar a manchete de um dos principais jornais de Paris, que estampou em sua capaYves Saint Laurent salvou a França”, em referência à criação do vestido trapézio.

O público assistia à roupa moderna que se usava nas ruas sendo reinventada nas mãos de um costureiro. Mas foi então que Yves Saint Laurent foi convocado para servir o exército francês na Guerra de Independência da Argélia em setembro de 1960. Pouco depois, tendo recebido baixa por motivo de saúde, pois foi ferido durante um trote, voltou para Paris e descobriu que Marc Bohan assumira o posto de estilista chefe na Maison Dior. O mestre então, com a ajuda financeira de seu grande amigo Pierre Bergé, fundou a própria Maison no dia 4 de dezembro de 1961, com a inauguração do primeiro ateliê, localizado na Rue Spontini, em Paris. Era o começo de uma marca gloriosa no mundo da moda. Sua primeira coleção foi lançada no dia 29 de janeiro de 1962, em um memorável desfile que apresentou uma bem-sucedida japona de lã azul-marinho com botões dourados, além de batas de trabalhador feitas de jérsei, seda e cetim. Desde o início, a modernidade foi um dos fundamentos da grife. Sendo um visionário, o estilista começou a criar algo que não se via muito no mercado: roupas práticas, mas com linhas muito sofisticadas.

Ano após ano, YSL deu mais contribuições notáveis à moda: em 1963, suas botas que iam até as coxas foram amplamente copiadas; em 1965, fundiu arte e moda em seus vestidos Mondrian, em jérsei branco de silhueta reta, ornado de linhas verticais e horizontais pretas e espaços com as cores primárias, homenageando o mestre cubista holandês.

 

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Em 1966 lançou o smoking feminino, uma de suas inovações de maior sucesso, composto por blusa transparente e calça masculina. Isso representava uma provocação sexual e social, já que, na época, alguns lugares proibiam a presença de mulheres vestindo calças. Em 1967, os knickers de veludo foram um lançamento importante de suas coleções; no ano seguinte, apresentou blusas transparentes e a clássica Saharienne, a jaqueta tipo safári; em 1969, o terninho; e, em 1971, o blazer. Durante a década de 1970, o mestre continuou a reinar em Paris. Afinal, ele era provocativo e usava seu talento a favor da emancipação feminina, por meio de suas roupas, fato que causava polêmica entre o público conservador da época, mas era fonte de grande deleite para o mundo da moda e para as mulheres modernas.

Em 1976, uma das mais memoráveis coleções da época, apelidada de Russa ou Cossaca, apresentou roupas camponesas exóticas. As saias compridas e rodadas, os corpetes e as botas exerceram forte influência, enquanto o desfile transformou lenços e xales em peças de moda permanentes. Na década de 1980, homenageou em suas coleções, dentre outros, Marcel Proust e Catherine Deneuve (sua amiga, cliente e espécie de embaixatriz da Maison YSL).

 

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A sigla foi rapidamente compreendida como sinônimo de elegância e passou a aparecer nas etiquetas de inúmeros produtos licenciados, como perfumes, bolsas, chapéus e óculos. Além disso, em 1985, o estilista foi condecorado pelo então presidente francês François Miterrand com a legião de honra e ganhou o Oscar da Moda. Em 1998, ganhou um desfile-retrospectiva em pleno campo de futebol, antes da final da Copa do Mundo da França. Além disso, o guarda-roupa da equipe francesa na competição foi assinado por ele. Em 1999, vendeu sua grife para o PPR Group (Pinault-Printemps-Redoute), o terceiro maior conglomerado de marcas de luxo do mundo, que também detém grifes celebradas de moda e acessórios como Gucci, Bottega Veneta e Balenciaga, além da alemã Puma, e continuou à frente da YSL. Com a demissão de Alber Elbaz (que assinava a linha prêt-à-porter) em outubro de 2000, a coleção Rive Gauche passou a ser criada pelo estilista Tom Ford, também designer da Gucci na época.

YSL somente deixou o mundo da moda no dia 22 de janeiro de 2002, depois de 70 coleções de alta costura e 200 desfiles no currículo, apresentando no Centro Georges Pompidou um desfile retrospectivo de seus 40 anos de criação, com suas iniciais já consideradas sinônimo de alta-costura. Ao final do desfile, enquanto sua musa Catherine Deneuve cantava “Ma plus belle histoire d’amour”, o estilista se despedia em meio a aplausos e lágrimas.

 

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Um dos símbolos máximos da sofisticação e do bom gosto no mundo da moda por quase quatro décadas, amigo de algumas das mais ricas e famosas mulheres do planeta, todas suas clientes, como Diane von Furstenberg, Loulou de La Falaise e Catherine Deneuve, o estilista transformou a YSL em um verdadeiro ícone da moda de luxo, responsável por lançar uma infinidade de produtos que levam sua marca e são vendidos em toda parte do mundo. A partir daí, ele se aposentou e tornou-se cada vez mais recluso, vivendo em suas casas na Normandia e em Marrocos. Yves Saint Laurent morreu na cidade de Paris aos 71 anos, diagnosticado com câncer cerebral, às 23h10 do dia 1º de junho de 2008.

 

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A marca continuou suas criações e desfiles pelas mãos do italiano Stefano Pilati. O ano de 2012 foi um período de mudanças profundas para a grife. Depois de ter empossado Heidi Slimane (ex-estilista principal de roupas masculinas da Dior) como novo diretor artístico, a marca anunciou sua mudança de nome. Perdeu o “Yves”, que evocava mais diretamente o criador homônimo da grife, e passou a adotar simplesmente o nome SAINT LAURENT PARIS. Se, para alguns profissionais da moda, a grife perdeu muito de sua identidade, divulgando campanhas polêmicas como a estrelada por nomes como Marilyn Manson e Courtney Love, para sua fiel e abastada clientela continua sinônimo de sofisticação. Em uma de suas coleções mais recentes, o polêmico estilista se inspirou no grunge californiano dos anos 1990. Heidi nunca escondeu seu verdadeiro plano quando assumiu a Maison: rejuvenescê-la, o que incluiu mudanças drásticas, do próprio nome até a relocação do ateliê, de Paris para Los Angeles, além da parceria com Sky Ferreira, que assinou coleção-cápsula para a marca.

 

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